Pensei em fazer uma retrospectiva, mas aí meus sentimentos deram umas cambalhotas e decidi falar sobre o que regeu os altos e baixos do meu ano e sempre regerá a minha vida.
Quando se trata de amor, confiança e eu, qualquer amigo me conhece bem pira.
Eles sabem que enxergo o mundo de um modo muito particular.
Confio e amo rápido demais.
Confio em qualquer pessoa. Amo qualquer pessoa.
É quase como se meu coração viesse programado para anular os defeitos e engradecer as qualidades. Até mesmo a inventar algumas qualidades.
E não estou falando de um homem específico, mas das pessoas em geral.
Talvez seja fruto de ter vivido presa por muitos anos.
Talvez seja consequência da minha mente de artista.
Talvez seja só amor mesmo. Amor demais, na essência.
Quero amar tanto que pouco me importa se vou me machucar, eu vou pular do precipício sempre que eu puder.
E se eu me estatelar lá no chão, aqueles que me amam de verdade estarão por perto.
Uma vez meu filho me disse: “Você precisa parar de enxergar as pessoas com os seus olhos. O seu coração sempre te engana e você vê bondade onde não existe.”
O pior (ou melhor) é que meus filhos são como eu. Criei-os para fazer a diferença no mundo e amar demais, porque acho que falta amor.
E ele tem razão mesmo. Eu vejo bondade no mundo inteiro.
É meu maior defeito.
Se um estranho se sentar ao meu lado e começar a me contar uma história, vou acreditar cegamente porque se eu começasse a contar uma história a um estranho, ela seria de verdade.
Meu maior conflito interno é: “Se estou sendo verdadeira com essa pessoa que mal conheço, por que ela estaria mentindo?”
Alguns me perdem por mentir, outros por desconfiar que tanta verdade em mim só pode ser mentira.
Não é. Eu sou isso aqui. Sou o que eu mostro. Com cada defeito, medo, tentativa e erro. Cada carinho, sorriso, zelo e porções de amor imenso.
Refletindo muito nesse fim de ano sobre mudar quem sou e reerguer antigas barreiras entre mim e as pessoas, percebi que sempre que sou machucada decido mudar. Aí na mesma proporção que as feridas se curam, volto a ser eu.
Volto a olhar para o mundo com olhos que brilham e desejam encontrar por pessoas que amem assim, sem reservas, sem desconfiança, sem mentiras, sem covardia, sem segundas intenções e sem falsidade.
E vou confiar sempre. Vou amar sempre.
Não estou errada por abrir meu coração às pessoas e querer enxergar apenas o que elas têm de belo.
Estou fazendo o certo.
Quem erra é quem me engana.
Mas quanto a isso não tem problema, o tempo sempre mostra.
E quem perde nunca sou eu.
Posso me machucar, mas tudo o que fiz foi amar e confiar demais (outra vez).
Antigamente, um dos meus melhores amigos dizia: “Você precisa parar de confiar assim. Estou cansado de ver você machucada.”
Hoje ele me conhece bem demais e sabe que é inevitável, então ele diz: “Eu sabia que seria assim. Vai lá. Se joga. Você não está fazendo nada de errado. E, se partirem seu coração, estarei aqui.”
E ele sempre está.
É por ele, por quem amo e me ama, e por todos os amigos verdadeiros que encontrei sendo eu mesma, que eu ainda tento.
E dessa forma encerro 2014, o ano mais intenso, confuso e, ainda assim, o melhor da minha vida.
Sigo procurando o amor no mundo.
Porque essa sou eu.
Na dúvida, sou amor. Na certeza, mais amor ainda.
Sempre vou tentar.
Até encontrar.